sábado, dezembro 10, 2005

Ordem sem progresso

Ensaio. Acordar às sete horas da manhã tendo dormido às três. Nem compensa. Aquela coisa toda desafinada. Uma parafernalha musical! Dentro da minha cabeça uma idéia e uma vontade que transcende de escrever um poema. Tenho os títulos à mão: mobília, concretização do ato, les heures d'un poème...mas o conteúdo está como pastel vazio: a massa exuberante por fora e dentro nada além de sopro. Não há dentro de mim expressão menos besta que um lugar comum...pra cuspir arte primitiva é melhor parar. Respira. Seu talento tá aí. Nas versificações e músicas, nos poemas não escritos...enquanto houver um poema a ser escrito, uma música a ser feita...ainda existe. Mas o que fazer com essa coisa que, num baque ilícito, está dançando em mim? Eu leio esse texto: tá tudo uma merda. Se eu tivesse com o papel eu jogava fora, mas eu quero escrever! Qualquer lixo, qualquer droga, porque existe algo ainda que se manifesta...e não sei dizer o que é; e dá uma puta dor nas costas, uma tensão cadavérica no pescoço e uma vontade de comer que mata...respira. É só arte que chega. Afinal, sempre evoluímos prum lugar melhor. Espera...nunca acreditei mesmo que ordem levasse ao progresso. A essência das coisas está exatamente na desorganização delas...

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ordem é conservação! Muito bom o texto, aliás, gosto das coisas que vc escreve. Abraço!

12:06 AM  
Blogger henrique said...

concretização do ato, les heures d'un poème...mas o conteúdo está como pastel vazio: a massa exuberante por fora e dentro nada além de sopro.
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se fosse no papel, certamente sublinhá-lo-ia.
muito bonita passagem

1:34 AM  

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